POR
UMA EDUCAÇÃO LAICA E INCLUSIVA!
O PsoL Ouvidor sempre se posicionou e se posicionará à favor da dignidade de nosso povo para que as pessoas sejam sempre respeitadas em toda sua completude, sua diversidade e seus posicionamentos.
Lamentavelmente o PME (Projeto Municipal de Educação) que contemplava uma educação inclusiva que tinha por viés o combate à homofobia, à misoginia, ao regionalismo e ao preconceito racial não foi aprovado com esse texto, substituído por uma emenda genérica que busca combater “todas as formas de preconceito”, ou seja, medida que deixa a critério dos docentes que tratarão da matéria, escolher qual “preconceito” será abordado e qual não será.
Entendemos que essa discricionariedade, essa abertura para escolhas, guarda em si o silêncio contra causas de suma importância no Brasil já que, por exemplo, abordar o preconceito contra as mulheres pode ou não ser feito, contra os negros pode ou não ser feito, contra os LGBT's pode ou não ser feito e etc. Um paliativo que visa manter o atual status social de indiferença com relação a violência que as minorias brasileiras sofrem.
Entendemos também que a alteração feita é ineficaz na educação social e moral de nossas crianças no que concerne ao respeito às diferenças sociais, de gênero, de classe, cor ou qualquer uma das que seja parte do rol de nossa diversidade enquanto seres humanos, assim, estamos educando adultos que não enxergarão o real problema atrás dos discursos e das agressões que setores de nossa sociedade estão sofrendo, e pior, podem enxergar determinado grau de normalidade neste fato.
Moramos em um país que mais de 15 mulheres são assassinadas diariamente pelo simples fato de serem MULHERES!
Moramos em um país que mata cerca de 1 LGBT a cada 24 horas pelo simples fato de possuírem uma identidade de gênero e orientação sexual diferente do pensamento hegemônico!
Moramos em um país que promove o mais insidioso genocídio velado contra negros no mundo, já que 77% dos mortos do Brasil são negros! A maioria assassinados por armas de fogo.
Moramos em um país (e em uma cidade) que diuturnamente dá de ombros aos ataques verbais e físicos, piadinhas sem graça e apelidos ofensivos contra nordestinos e pessoas de outras regiões e países.
Uma educação que aborde especificamente essas questões seria uma evolução para que possamos parar o crescente número de assassinatos motivados pelos mais diversos tipos de preconceito no Brasil, porém, infelizmente, os setores reacionários e retrógrados conseguiram a retirada do texto original pelo genérico, baseados no preconceito escancarado pelos cidadãos LGBT's e fundado em discursos dispares como, por exemplo, a divisão de banheiros entre meninos e meninas (matéria que não consta no Plano Educacional) e uma suposta propagação da “ideologia” de gênero para “destruir” a família tradicional (argumentação falaciosa já que ideologia de gênero NÃO existe).
Esse texto não deveria ser debatido pela ótica da concordância ou não sobre sua matéria, mas sobre o combate efetivo da violência crescente no Brasil.
Lamentamos o fato do projeto ter sido mudado e lamentamos mais ainda que a mudança tenha ocorrido sem um debate amplo da sociedade civil, organizações sociais e grupos afetados.
O PsoL continuará na luta por mais dignidade ao nosso povo.
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