quinta-feira, 2 de abril de 2015


Por: Elenilton da Cunha Galvão



Um dos cenários mais representativos da devastação, degradação e espoliamento das riquezas do Brasil com POUQUÍSSIMO retorno (perto dos lucros astronômicos gerados) para nosso povo e para as cidades que detêm as lavras é o atual sistema de mineração do Nióbio de Ouvidor (NÃO DE CATALÃO).

A principal empresa exploradora de nossas riquezas é a Anglo American plc, um conglomerado britânico que atua no ramo da mineração e está instalada no Brasil desde 1973. A exploração do Nióbio de Ouvidor, por exemplo, acontece desde 1976 graças ao entreguismo de Eliezer Batista (pai do Eike) no governo Geisel, quando era então ministro de Minas e Energia e fez o desfavor de entregar todos os nossos recursos minerais ao capitalismo estrangeiro.

Para se ter uma ideia, o Nióbio retirado em Ouvidor ajudou a gerar os módicos 6,6 bilhões DE DÓLARES DE RESULTADO OPERACIONAL EM 2013 à Anglo American, dessa fatia, o que volta em forma de impostos para Ouvidor é irrisório, mesmo sendo o Nióbio um dos minerais mais raros do planeta, o que não parece ser considerado pela nossa casta politica, o Brasil não se beneficia dele porque depois de processado sua exportação na forma de ferronióbio vai para as principais usinas siderúrgicas da Europa, América do Norte e Ásia, uma lógica neocolonial absurda que não nos beneficia nem na extração, nem no beneficiamento, nem na venda, tampouco no aproveitamento do metal.

Sabe-se que projeto da mina Boa Vista em Ouvidor vai aumentar a capacidade de extração do Nióbio em quase 50%, e fará da Anglo American a segunda maior produtora de nióbio do mundo, dividendos que escorrem como água nas mãos dos ouvidorenses e brasileiros de uma forma geral e são enviados para a SEDE DA EMPRESA QUE ESTÁ LOCALIZADA EM LONDRES, REINO UNIDO, em benefício de meia dúzia de pessoas que alimentam seus acionistas.

Devido às dificuldade e falta de transparência do regime militar em seus contratos corruptos, ainda não se sabe como as primeiras concessões de exploração da mina de Ouvidor foram celebradas, mas sabe-se que da forma que a exploração está sendo feita hoje é INCONSTITUCIONAL, deixo aqui, inclusive, a douta explicação do constitucionalista José Afonso da Silva sobre o tema:

"O solo é, por regra, bem de propriedade privada (eventualmente pública). Por princípio, a propriedade do solo abrange a do subsolo em toda a profundidade útil a seu exercício (CC, art. 1229). Esse princípio prevalece em face da atual Constituição. Esta, contudo, expressamente inclui entre os BENS DA UNIÃO, no art. 20, VIII, IX e X, os RECURSOS MINERAIS, INCLUSIVE OS DO SUBSOLO e os potenciais de energia hidráulica. Por seu lado o art. 176 estatui que as JAZIDAS, EM LAVRA OU NÃO, E OS DEMAIS RECURSOS MINERAIS e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, E PERTENCEM À UNIÃO. A pesquisa, a lavra e o aproveitamento desses recursos poderão ser efetuados por brasileiros (natos ou naturalizados) ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha SUA SEDE E ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS [...]" (SILVA, José A. da.Curso de Direito Constitucional Positivo, pp. 827-828)

Não basta o forte impacto ambiental, financeiro e social das empresas mineradoras da região e principalmente a maior delas, A ANGLO AMERICAN, que explora o nosso metal à revelia de nossa Constituição, ainda avistamos no horizonte o findar dos recursos e posterior mudança dessas empresas que não deixarão nada senão terras devastadas, minas sem utilidade, famílias desterradas, doenças generalizadas e etc.

O LEGADO DA MINERAÇÃO PARA NOSSA REGIÃO SERÁ A MISÉRIA DENTRO DOS PRÓXIMOS 50 ANOS!!

Estamos em um momento chave, ou discutimos seriamente as concessões desta empresa, ou entregamos de mãos beijadas nossas riquezas para os exploradores estrangeiros que NÃO ESTÃO PREOCUPADOS com o bem estar de nosso povo.

DIZEMOS NÃO AO ATUAL MODO DE EXTRAÇÃO DO NOSSO NIÓBIO!


"[...] a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já foi dito, a historia do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos. Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno. [...] As chuvas que irrigamos centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem estar de nossas classes dominantes - dominantes para dentro, dominadas para fora - é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga." (Eduardo Galeano, As Veias Abertas da America Latina, L&PM, pp. 18-19)

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